És tu mesmo?
É estranha esta pergunta, mas tem de ser feita mesmo assim, sem mais nem menos palavras, esta simples e pequena pergunta, porém, apesar de simples, tem muito que se lhe diga.
És tu mesmo, que quando alguém te diz algo que não estás a espera, algo que tem a ver com a tua personalidade, com a tua maneira de estar na vida, qual é a tua reacção…és tu mesmo? Quando respondes, quando vais tentar contestar? Se fores parabéns, mas normalmente não se pode ser, há certas e determinadas circunstâncias na vida que não nos permitem ser, ou porque essa pessoa é o nosso chefe, ou porque dependemos um pouco dessa pessoa, ou porque simplesmente devido ao respeito ou afecto não tens coragem de o fazer. Mas essa falta de coragem, não será, uma certa cobardia? Não sei…Diz me tu!
Quando estamos com um grupo de amigos, existe sempre um deles que se torna o palhaço do grupo, no bom sentido, claro! Esse palhaço não será uma pessoa, que por força de um vida menos boa, com um pouco de sofrimento, com um passado ao qual se sentia um pouco a parte dos outros, ou porque simplesmente é carente e sente que assim afasta essa carência.
Pode ter vários sentidos, um deles, pensar que por ser assim, mais pessoas irão gostar dele, não! Não é verdade, e quem pensa assim, engana-se profundamente, porque? Se pensarmos, um pouquinho só, vemos que essas pessoas usam uma máscara. As máscaras apareceram há muitos anos atrás para esconder algo, ora, se é para esconder algo, não estão a ser eles mesmos, e volto a fazer a pergunta “És tu mesmo?”.
As pessoas gostam das coisas transparentes, de saber o que está lá, o misterioso tem a sua graça, mas também cansa, não prevalece sobre a transparência, muitas pessoas por serem misteriosos, já perderam muitas coisas na vida, pois chega a um ponto, em que temos de abrir o jogo, a sinceridade é uma virtude e quem a tem, tem de lhe dar o seu devido uso.
O tal palhaço do grupo, a tal pessoa que está sempre presente, sempre disponível, que está sempre com um sorriso, que parece não ter tristezas, será que está a ser ela mesmo?
Duvido sempre dessas pessoas, compreendo-as, porque também já o fiz, também já o fui, pensava que gostavam mais de mim, por ser “o bobo da corte”, ter sempre algo para contar, sempre algo a dizer, sempre feliz com a vida, e nada de tristezas para contar, com medo que as pessoas se afastassem de mim, por estar a contar coisas nada agradáveis! Pois é, estava enganada, descobri, que não se agrada ninguém assim, somos engraçados no momento, mas aquilo passa, se queremos marcar alguém, deixar um pouco da nossa marca, que seja, por um simples gesto, olhar, atitude, expressão, pois as palavras levam nas o vento…
Para deixar algo em alguém não precisas de ser aquela pessoa engraçada, só precisas de ser tu mesmo!